domingo, 15 de fevereiro de 2009

O claro e o escuro



Postei este texto num forum sobre cinema e resolvi postar aqui. É sobre o filme “Ensaio sobre a cegueira”. O pessoal ficou discutindo qual era o melhor, o filme ou o livro. No meu ponto de vista, tudo clichê, senso comum. Mas não posso dizer isso lá, pois o Fórum não é tão democrático. Posso ser banido a qualquer momento.
Deixem o Meirelles trabalhar bando de invejosos e parabéns ao Saramago.

Acho que a questão não é essa, se o filme ou o livro é melhor. O cinema como fenômeno de massa é fundamental para divulgação e reflexão sobre o tema. Quanto mais pessoas assistirem melhor. Longe de estética, de apelo comercial ou de qualquer outro valor de mercado, o ensaio sobre a cegueira deixa uma lição para todos nós. Eu enxerguei bem mais que esse Marc Maurer, presidente da Federação Nacional de Cegos, que organizou um protesto contra o filme. O filme mostra o quanto estamos cegos em nosso individualismo, nossos preconceitos, racismos, egoísmos etc. Estamos tateando no escuro. Simbolicamente, vi bem mais que um filme apocalíptico. Vi traços claros da realidade, como que aconteceu em Santa Catarina, em que as pessoas estavam levando os mantimentos dos desabrigados. Vi uma nova bomba atômica sendo construída. Vi um corregedor na Câmara, Edmar Moreira (DEM-MG), responsável pela apuração dos casos de quebra de decoro parlamentar sonegar informações do seu milionário patrimônio, um castelo avaliado em mais de R$ 20 milhões. Vi uma brasileira atacada na Suíça por skinheads e perder os bebês e a mídia dizer que ela não estava grávida. Vi Jean Charles de Menezes, morto por engano pela polícia britânica no sul de Londres após ser confundido com um terrorista suicida. Enfim, pior cego é o que não quer ver a esquizofrenia atual, a ganância do poder, nossa luta mesquinha pela sobrevivência selvagem em um mundo que não conseguiu curar sua cegueira mental e nem conseguirá.
Salve-se quem puder!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Melhor notícia da semana.


MÚSICA
JAMAIS TOCAREI COM SLASH, DIZ AXL ROSE

Numa rara entrevista ao site da revista Billboard, Axl Rose colocou um fim às especulações de que poderia voltar a tocar com o guitarrista Slash: "Um de nós vai morrer antes que uma reunião aconteça". O líder do Guns n" Roses disse que está fazendo clipes para promover o álbum "Chinese Democracy", como um para a faixa "Better". Ele afirmou que não há planos de fazer turnê. fonte: Folha de São Paulo

Depois de 20 anos prometendo um novo álbum do Guns, os caras lançam essa porcaria de "Chinese Democracy" e o arrogante diz que não quer tocar... O povo te agradece Axl. Por favor, não venha para o Brasil! Pior que um idiota é dois posers juntos.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Era uma vez um Rio que amava.

Saí assustado do cinema. Se tivesse saído de um cinema em Ipanema ou Leblon talvez ficasse mais assustado ainda. Mas moro em Brasília, no Plano Piloto, um lugar tranqüilo, mas que habitam os mesmos miseráveis, os mesmos desfavorecidos de vários cantos do Brasil, talvez nem tanto como aqueles que moram nas favelas do Rio de Janeiro.

Quem espera um filme de amor, em “Era uma vez” de Breno Silveira, no máximo vai chorar ao ver que infelizmente não há amor que pague as diferenças sociais. Nesse ponto, o filme é mais tocante que “Cidade de Deus” e “Tropa de Elite” seus dois irmãos de morro, pois mostra nitidamente o preconceito, a desigualdade, ou melhor, o vácuo social que existe entre a Vieira Souto e a favela do Morro do Cantagalo, moradores de Ipanema. Como resolver isso? Não sei, ninguém sabe... Acabar com os traficantes, mas não são eles que dão assistência pra comunidade, que providenciam desde chafariz a remédios e, principalmente, o dinheiro da polícia. A coisa já começa mal aí. Todo mundo sabe que a maior parte da polícia é corrupta é despreparada. Romeu e Julieta acabam morrendo igualzinho como acontece no dia a dia do Rio. Talvez a melhor saída pro filme e pra quem vive no Rio seria fugir para uma praia no nordeste, pra Europa, pra qualquer lugar, longe daquela guerrilha urbana, um final feliz. Mas não, o filme se encerra ali, de forma trágica, como a peça de Shakespeare, no cartão postal da Cidade que de maravilhosa só as paisagens das janelas, e quem sabe ainda, o amor.

Parabéns pelo filme, parabéns a toda a equipe, ao Canal Brasil pela divulgação. Nós precisamos ver esse tipo de filme, o Brasil precisa se enxergar, esqueçam um pouquinho o marketing de “Batman o Cavaleiro das Trevas” e vão assistir a esse excelente filme nacional.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

British colonies in Brazil

I have no, no chance in rock because I sing brazilian songs. Nei Lisboa já tinha dado o recado, mas parece que essa gurizada continua procurando lá, o aqui. Adoro Rock Inglês, adoro Literatura Americana, mas não suporto Júpiter Maçã querendo ser Sid Barret e Clara “OverBuk” querendo ser John Fante... Sei que os dois devem estar fudendo para o que eu acho. Mas o objetivo não é esse. Não é fazer uma crítica sobre a juventude brasileira, sobre a MTV, sobre o Rock Gaúcho... O objetivo é perceber certos aspectos, e como podemos ser diferentes, fazer a diferença. À medida que a gente se enxerga, quando olhamos uma foto antiga e pensamos, eu era assim eu usava isso. Coisas que vão perdendo o sentido. Inversão de valores.Recentemente vi esse talk show do Júpiter e me lembrei de “Mitologias” livro de Roland Barthes em que ele faz análises de coisas cotidianas, banais. Notei no programa essa exagerada coisa de querer ser inglês, ser americano. Nada contra, mas me soa Fake. Júpiter vive o sonho do sonho e Clara, a negação da negação. Pela lógica, dá zero. Não acrescenta. Tirando essas máscaras, a gente percebe que sobra muito pouco...

sábado, 5 de abril de 2008

To fora!

Já notou como os velhos vão ficando hipócritas e vendidos? Aqueles mesmos que levantavam a bandeira da igualdade, de uma sociedade mais justa, hoje estão voltados para os seus interesses pessoais e suas aposentadorias. O ser humano à medida que envelhece vai se tornando mais corruptível, mercenário, mesquinho. O ser humano é um filho da puta mesmo. Faz tudo para garantir seu ganha-pão. Se precisar matar, roubar, comer a mulher do amigo ele faz. Afinal, não é fácil manter o padrão de vida dos filhinhos, das amantes e os caprichos da esposa. Enquanto isso, as relações aqui na terra vão se moldando por jogos de interesses. E atire a primeira pedra quem não é filho da puta o suficiente para dizer que é limpo, que só faz o bem. As pessoas criam suas próprias verdades, seus princípios, suas virtudes para justificar os seus interesses particulares. Não me venham falar de sociedade, amizades. O ser humano só enxerga a si mesmo.

domingo, 23 de março de 2008

Casamento como manifestação de arte de consumo.

Em primeiro momento achei interessante alguém escolher um museu de arte para o seu casamento, como fez neste sábado (22), a filha do Ministro Gilberto Gil, Marina Morena e Fernando Torquatto, no MAM – RJ. Mas depois analisando as circunstâncias em que se deu a cerimônia, a glamorização na mídia, vi que não passa de mero produto da sociedade do espetáculo que se esvai na fumaça da representação. Claro que Gil não está ali como ministro da cultura, mas não deixa de ser pertinente, conscientemente ou não, a utilização do espaço, aliás, tão abandonado por nossos governantes, para criar uma coisa outra, que não é nem a simples união conjugal nem manifestação de arte. Tudo nos leva crer que é mais um engodo de nossa elite cultural. Parece que esse tipo de exposição já tem um novo tipo de público: a massa revoltada e, como curadores, os repórteres do Pânico.